quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cordel de Saia - A Produção Feminina Na literatura de cordel

Três tipos de mulheres que encaram a cultura popular e a literatura de cordel com verdadeira paixão e seriedade. Esse foi o tom da apresentação: demonstrar que não se deve distinguir a produção feminina da masculina.

Dalinha, Madrinha Mena e Maria do Rosário, as três tendo "Maria" como primeiro nome, contaram das relações que possuem desde a infância com a cultura popular, a poesia e a Literatura de cordel. O que as fez despertarem e o fato de serem mulheres influenciou e influencia na produção.

Houve inédita Peleja e Duelo de Maria do Rosario X Dalinha. Cantoria harmoniosa com Madrinha Mena. No debate, as três concordaram que as mulheres são apenas diferentes na produção, porém com qualidade, sensibilidade e peculiaridade igual a dos poetas do gênero masculino.



Segue um Poema de Dalinha Catunda e a Peleja Dalinha Catunda (DC) e Maria do Rosário (MR)



ENCONTRO DE POETAS AS TRÊS MARIA.
Sr. Presidente Gonçalo,
Membros da Academia,
Nosso cordel de saia,
Vem à casa da poesia.
Trazendo prosa e canção
Muito verso e animação
Para alegrar a confraria.
.
O cordel está em festa,
A tarde é de Alegria.
“O encontro de poetas,
“E rodas de cantoria.”
Na produção feminina,
Traz três nordestinas,
Por coincidência Maria.
.
Maria do Rosário Pinto.
Maria de Lourdes Aragão
Maria do livramento Lima.
De Òrion, não somos não!
Mas somos as Três Marias
Estrelas desta confraria,
Em cena neste Salão.
.
Maria do Rosário Pinto,
Nascida no Maranhão,
Na cidade de Bacabal
Pra falar com exatidão.
Atua num grande papel,
Vive a catalogar cordel,
Em sua nobre profissão.
.
Falo com muita emoção,
De nossa madrinha Mena
Que dedilha um violão
E tem uma voz serena,
Canta bonitas cantigas,
Daquelas bem antigas,
Relembrar, vale à pena.
.
Eu sou Maria de Lourdes
Sou Catunda e Aragão.
Dalinha das Ipueiras,
O velho Ceará é meu chão.
Minha maior alegria
E fazer minhas poesias,
Falando do meu sertão.
.
Espero que todos gostem
Desta nossa apresentação.
O cordel vestindo saia
Já tirou o pé do fogão.
A mulher hoje recusa,
Ser somente uma musa
Servindo de inspiração.
.
Só queremos demonstrar,
A nossa capacidade,
Apresentando temas,
Com criatividade.
Musica e informações,
Entre versos e canções.
E algumas novidades.
.
Agradeço o empenho
De Fernando Assumpção.
Ivamberto Albuquerque
Pela sua mediação.
E a todos da confraria,
Meus amigos e família,
Agradeço a participação.
.
PELEJA ENTRE: Dalinha Catunda e Maria Rosário
PAPO DE MULHER
DC
Eu sou Dalinha Catunda,
E não sou de brincadeira
Quando deixei o meu chão
Escancarei a porteira
E me entreguei à labuta,
Aprendendo a ser astuta
Nesta vida de estradeira.
MR
Sou Maria do Rosário
Boa filha de Bacabal.
Ouvindo versos me criei
Amigo não leve a mal.
Pois saí do Maranhão
Com a poesia na mão
Trazida da terra natal.
DC
“Deus não dá asas à cobra”,
Mas deu palavras a mulher,
Assim ela enfrenta o mundo
Do jeito que ela bem quer
Vencendo a força bruta
Encarando com arte a luta,
Firme, pro que der e vier.
MR
Eu concordo com você,
Minha parceira querida.
E seria o homem, triste,
Sem uma mulher na vida.
Dando-lhe farta atenção
Estendendo-lhe a mão,
Disso ninguém duvida.
DC
Deus quando fez o homem,
E fez a mulher diferente.
Para fazer os dois felizes,
Fez o encaixe de presente.
O homem sem sua criatura,
E chave sem fechadura,
Jamais viverá contente.
MR
O Homem sem a mulher
É homem pela metade.
Deles cuidamos sempre
Desde as tenras idades
Fruto de nossas entranhas
Cheios de arte-manhas,
Diga se não é verdade?
DC
Com homem eu não pelejo,
Faço mesmo é parceria.
Sendo filho de mulheres
Sem dúvidas nossas crias.
Lá em casa são três machos
Mas deles não sou capacho
Sou respeitada Maria.
MR.
Se existe o mundo machista,
Temos boa parte da culpa.
Pois somos, nós, mulheres,
A lapidar tais condutas,
Porém hoje mais atrevida,
A mulher não se intimida,
E a igualdade é sua luta.
DC
No Varal da minha casa,
Não tem lugar diferente,
Ao lado de uma cueca,
Há uma calcinha presente.
Demarcando um território
Que nada tem de transitório
É uma conquista permanente.
MR
Sou Maria do Rosário
E tive a grata satisfação.
De falar neste espaço
E fazer minha colocação
A todos muito obrigada
Estou de alma lavada,
Agradeço de coração.
DC
De alma lavada, Rosário,
Confesso, também estou.
Agradeço essa linda platéia
Que gentil, nos prestigiou.
E aqui em Santa Tereza,
Nos fez viver a beleza,
Numa tarde de esplendor.
MR
A tarde ficou mais alegre
E acho que valeu a pena.
Ouvir as belas canções
Na voz singela de Mena.
Essa madrinha querida,
Dos poetas a preferida,
Que hoje brilhou em cena.
DC
Também quero louvar
Essa mulher nordestina
Com seu canto popular,
Que junto à viola afina,
E faz um bonito papel
Prestigiando o cordel
Que hoje sai da rotina.

2 comentários:

  1. Esta peleja é de autoria da poeta Dalinha Catunda, que generosamente, compõs as duas falas para que pudéssemos brincar com a platéia. Rosário

    ResponderExcluir
  2. NoSSA ;...ELA È bOA MEMSmO NA "RIMA"!

    ResponderExcluir